quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre o entendimento das relações político - partidárias e o povo

SOBRE O ENTENDIMENTO DAS RELAÇÕES POLÍTICO-PARTIDÁRIAS E O POVO

Se existe uma temática que provoca acidez nas discussões do nosso cotidiano são os caminhos que nos levam à reflexão sobre as relações dentro do mundo político partidário – idéias discutidas no âmbito do senso comum, partidário não ideológico, ideológico, científico e tantas outras mais.
Diante desse nicho de fomentações, é de fundamental relevância começar dá um pouco mais de ênfase sobre o entendimento das relações político-partidária pelos vieses da Ciência Política – direcionamento que não precisa necessariamente passar apenas pelas retinas de leitores compulsivos, mas, dúvidas induzidas que podem sim ser tiradas pelos próprios partidos políticos que têm compromissos com a verdade.
Em sentido generalizado, temos que em primeiro lugar observar o próprio conceito contemporâneo de política, daí entendermos um pouco as relações de poder dentro da política, refletir sobre o papel do próprio político – que será a representação do povo -, assim como, o porquê da necessidade das relações entre os partidos.
Fazendo reflexão sobre a definição de política pelos olhares dos clássicos –obras – de Aristóteles, Tomas Hobbes, Max Weber, bem como de contemporâneos, como por exemplo, Norberto Bobbio, Michel Foucault e outros tantos. Tomo a liberdade de argüir sobre o conceito que no atual momento serve como melhor entendimento para os cidadãos: política é um jogo existente apenas em sociedade, pois, a sociedade só existe caso exista política, é peculiar as relações dos seres humanos, que carregam como suporte básico todos os aspectos culturais instituídos por ela mesma, fatores culturais que se transformam em força e que são plasmados e fixados em práticas e relações de poderes, constituindo dessa forma, as instituições básicas para o seu próprio convívio, como por exemplo, os macro-poderes legislativo, executivo e judiciário – o equilíbrio entre esses macro-poderes é o reflexo do espírito das leis conquistado pela sociedade. Diante disso, podemos dizer que todo esse jogo que envolve a sociedade e a sua própria construção das regras de conduta são fatores que arquitetam a formação do estado – complexo administrativo onde todos os poderes passam com maior freqüência. Ou melhor, é a sociedade construindo o próprio Estado.
A partir desse singelo entendimento sobre o conceito contemporâneo de política, pode dizer-se que não é recomendável – e talvez um ato de covardia -, jogarmos políticos e partidos políticos adversários contra o povo, como por exemplo, os discursos que colocam os partidos XT, GR e ZZT como partidos defensores dos direitos do povo, partidos FB e VV que são rotulados como macabros da democracia, pois, defendem apenas o direito das classes dirigentes – por falta de veracidade nos colocam diante de conceitos verbais como, por exemplo, ‘’a superestrutura coage a infra-estrutura’’( classe A com suas riquezas materiais e simbólicas versus classe B, C, D e F como forças produtivas em desvantagem ),falácias como ‘’o poder é deslocado de cima para baixo..., por isso, meu povo... temos que dissolver tudo isso...’’, utilização de máximas como... ‘’é hora de transformação, ’’ ‘’é hora de mudança’’, ’’a força vem do povo’’ etc. chegam até mesmo a nos subestimar abordando comentários de possíveis propostas falsas da coligação M(claro que os partidos ao se coligarem sofreram dificuldades nos seus relacionamentos e propostas, pois, cada subgrupo é um micro-poder ), como se a coligação F, fosse cumprir com toda sua intenção sem passar por nenhum tipo de transtornos. Ou sendo mais claro, como se a outra coligação não fossem feita de homens culturalmente políticos – passivos de erros e acertos.
Em verdade, se entendermos o conceito de política verificamos o falseamento desses jogos pouco agradáveis, pois, tudo o que foi construído politicamente – em nível de ocidente - partiu da cultura e dos seus próprios respeitos pelas normas de condutas. Dessa maneira, podemos dizer que a própria sociedade foi a grande protagonista das práticas e relações de poderes. Ou seja, essas atitudes ideologizadora é um desrespeito a própria maneira de agir e pensar da sociedade.
Partindo dessa premissa temos que levar em consideração a análise sobre as relações de poder dentro da política, pois, caso o contrário nos distanciamos da proposta política representativa. Isto é, entender que o poder propriamente abordado dentro do espaço político partidário não existe – pois dessa forma na concepção aristotélica não éramos animais políticos -, mas, sim práticas de poderes que a própria sociedade legitima ou condena – daí a necessidade de sermos homens políticos. Michel Foucault ( 1979 ) nos passa a idéia de que o poder não é uma coisa enrijecida com uma única característica, porém, é uma prática social arquitetada historicamente, por isso, somos responsáveis por todos os atos que compõe a sociedade e a própria política.
Isto é, como aborda Max Weber( 2003 ) as relações políticas seriam um grande esforço que exige tempo, paixão e senso de proporções que leva o homem a ser um herói líder do seu próprio espaço onde a vocação política não pode ser abatida nem mesmo pelo um olhar individualizado, pois, essa visão juntando-se com outras visões formam uma sociedade politizada.
Dessa forma, as relações de poder dentro da política é o reflexo do nosso cotidiano, da nossa mentalidade, das mais diversas formas de manifestação cultural e a partir do momento que mudamos em nossas diversas relações estamos assumindo o mesmo papel que queremos dos nossos próprios representantes.
Enfatizando as idéias que abordam sobre o papel do próprio político – representação do povo -, pode-se dizer que no atual momento o compromisso do político representante é com a potencialização do Estado Democrático de Direito, pois, dessa forma, as suas decisões vão está ligada com a verdade e obviamente o seu poder representativo torna-se uma cápsula protetora da sociedade. Ou seja, nesse momento podemos dizer que o seu papel não é mais com as ideologias – pois essa se fragmentou em mil pedaços de mentiras -, não é somente vigiar o erro do adversário, não é combater apenas as ilusões da coligação A ou B, porém, é fazer dos seus passos sempre a busca pela própria verdade, pois, verdade e poder são processos íntimos que chamais poderão ser separados.
Em certo aspecto, é de se entender que o grande motivo da desilusão do povo para com seus representantes não são fatores ideológicos, aprovações de novas normas de conduta, coligações, mas sim, a falta de compromisso com o próprio poder, isto é, Tomas Hobbes(2002) nos aborda que o mais fundamental nesse contrato são os sinais de honra, pois, o homem imagina ter um poder e esse poder tem que ser respeitado pelos seus semelhantes, nesse caso, seu semelhante é o político representante.
Outro fator bastante emblemático sobre as relações político – partidário e o povo é o entendimento da necessidade das relações entre os partidos políticos, pois, diante do que foi abordado seria uma contradição dizer que a governabilidade pode ser fruto apenas de um partido ou um grupo político a parte – nos estados democráticos formados a partir da revolução francesa foi quebrado a concepção de gestão unitária (Estado liberal de Direito, Estado social de Direito e Estado Democrático de Direito ). Em outras palavras é fundamental saber que se não houver as relações partidárias corremos o risco da não-governabilidade – uma das suas hipóteses é justamente a falta de autonomia e legitimidade das instituições para que não haja crise de apoio político do povo às autoridades e aos governos. Hungtington apud Bobbio ( 1999 ) nos aborda que uma verdadeira democracia depende das mais variadas relações entre os governantes e as oposições.
Analisando os parágrafos discorridos, podemos nos atentar para o nosso entendimento e potencializar o cidadão que existe dentro de cada um de nós, pois, essas relações formam os pilares de um Estado Democrático de Direito, ou seja, entender o mínimo do conceito de política, suas relações de poder, o papel do político e a verdade, bem como, a necessidade das relações partidárias é está contribuindo para a formação de um estado mais forte e menos coercitivo – as sociedades vêm banindo a concepção do Estado policial.

Referências

ARISTÓTELES. Política. São Paulo:Martin Claret, 2002.
BOBBIO, Norberto. MATTEUCCI, Nicola. PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 12° ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.v.1
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 17° ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002.
HOBBES,Tomas. Leviatã ou Matéria,Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. São Paulo: Martin Clatet, 2002.
WEBER,Max.Ciência e Política: Duas Vocações.São Paulo: Martin Claret,2003.

Um comentário:

  1. Gostei do jogo das relações de poderes na política,porém,na prática não notamos essa força emanada pelo o povo, pois,podemos dizer que essa força aqui no Brasil é um pouco diferenciada das forças populares de países com forte democracia.
    A prórpria questão do clientelismo diminui essa força.

    abraços!

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