segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sociedade capitalista brasileira avassalada pelo nosso culto ao clientelismo

Sociedade capitalista brasileira avassalada pelo nosso culto ao clientelismo
Deixando à margem a explicação da origem do termo e dando enfoque a esse fenômeno nas sociedades em transição – intermediária entre o tradicional e o moderno – é de se entender que essa tipologia de relação social vem sendo plasmada no nosso país desde os primeiros contatos com os portugueses – consta nas obras de Gilberto Freyre, principalmente Casa Grande e Senzala, Darcy Ribeiro (O Povo Brasileiro) e do Historiador/ Sociólogo Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil) que o processo de formação social de Portugal foi enraizado pela cultura clientelista.
Aprofundando a análise dessa relação social no nosso país é de se observar dois fatos sociais bastantes comuns na nossa forma de pensar e agir: a mentalidade Casa Grande e Senzala nas relações de trabalho, bem como, a mentalidade do bacharelado como representação máxima do homem brasileiro.
Dando margem ao primeiro fator – mentalidade Casa Grande e Senzala -, certamente encontraremos em suas raízes práticas herdadas bastante emblemáticas nos dias de hoje, como por exemplo, o rígido paternalismo. Ou melhor, relações de poderes que avassalam o espaço da Administração pública – as nojentas hierarquias com o intento burocratizador -, as relações de poderes dentro da política partidária que chega mesmo a se tornar uma ‘’ lei social inflexível’’, isto é, o paternalismo saiu da mesa do senhor de engenho e foi parar nas nossas relações de trabalho, política, cotidiano e costumes. Sergio Buarque de Holanda nos relata que ‘’ a família patriarcal fornece, assim, o grande modelo por onde hão de calcar, na vida política, relações entre governantes e governados, entre monarcas e súditos’’... ‘’onde regulam a boa harmonia do corpo social, e, portanto, deve ser rigorosamente respeitada e cumprida’’(HOLANDA, 1995, p.85).
Diante disso, podemos argüir alguns aspectos das nossas relações sociais que atrapalham a dinâmica do nosso capitalismo – por isso, considerado como tardio -, como por exemplo, a alta quantidade de chefes nas administrações, a luta incessante pelas coordenações em escolas e escritórios onde de forma geral não se visa a competência, mas o status. De acordo com o sociólogo Max Weber ‘’... O capitalismo não pode se utilizar do trabalho daqueles que praticam a doutrina da libero arbitrium indisciplinado, e menos ainda pode usar os homens de negócio que pareçam absolutamente inescrupulosos ao lidar com outros...’’( WEBER,2002,p.52).
No que se refere ao segundo pilar – mentalidade do bacharelado -, pode-se dizer que ainda persiste nas nossas relações, ideias como a respeitabilidade ao título de doutor como o primeiro recurso ou arma para se conseguir o tão almejado emprego – a maioria das vezes não precisa ser bom profissional, tão pouco ser da área, apenas precisamos de títulos -, ou seja, o capitalismo brasileiro persiste como modelo de transição a partir do momento que não se reestrutura e mantém relações superficiais no que refere à titulação acadêmica.Em Raízes do Brasil Sérgio Buarque nos fala dessa mentalidade de forma mais consistente ‘’ ainda hoje são raros no Brasil, os médicos,advogados... que se limitem a ser homens de sua profissão... ninguém aqui procura seguir o curso natural da carreira iniciada, mas cada qual almeja alcançar aos saltos os altos postos e cargos rendosos: e não raro o conseguem.’’(HOLANDA,1995,p.156 ).
Nesse aspecto, pode-se dizer, talvez, que os males do clientelismo brasileiro, assim como, a mentalidade do bacharelado potencializam a burocracia, retardando a dinâmica do capitalismo contemporâneo, isto é, a mentalidade Casa Grande e Senzala e a praga da idéia de bacharelado dão suportes ao capitalismo tardio brasileiro – deixando claro que capitalismo tardio não é o entendimento de que as relações de trabalho são literalmente dinâmica, alto preparo intelectual e menos burocracia, características que pertenciam ao modelo enrijecido Taylorista/Fordista do início dos tempos modernos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sobre o entendimento das relações político - partidárias e o povo

SOBRE O ENTENDIMENTO DAS RELAÇÕES POLÍTICO-PARTIDÁRIAS E O POVO

Se existe uma temática que provoca acidez nas discussões do nosso cotidiano são os caminhos que nos levam à reflexão sobre as relações dentro do mundo político partidário – idéias discutidas no âmbito do senso comum, partidário não ideológico, ideológico, científico e tantas outras mais.
Diante desse nicho de fomentações, é de fundamental relevância começar dá um pouco mais de ênfase sobre o entendimento das relações político-partidária pelos vieses da Ciência Política – direcionamento que não precisa necessariamente passar apenas pelas retinas de leitores compulsivos, mas, dúvidas induzidas que podem sim ser tiradas pelos próprios partidos políticos que têm compromissos com a verdade.
Em sentido generalizado, temos que em primeiro lugar observar o próprio conceito contemporâneo de política, daí entendermos um pouco as relações de poder dentro da política, refletir sobre o papel do próprio político – que será a representação do povo -, assim como, o porquê da necessidade das relações entre os partidos.
Fazendo reflexão sobre a definição de política pelos olhares dos clássicos –obras – de Aristóteles, Tomas Hobbes, Max Weber, bem como de contemporâneos, como por exemplo, Norberto Bobbio, Michel Foucault e outros tantos. Tomo a liberdade de argüir sobre o conceito que no atual momento serve como melhor entendimento para os cidadãos: política é um jogo existente apenas em sociedade, pois, a sociedade só existe caso exista política, é peculiar as relações dos seres humanos, que carregam como suporte básico todos os aspectos culturais instituídos por ela mesma, fatores culturais que se transformam em força e que são plasmados e fixados em práticas e relações de poderes, constituindo dessa forma, as instituições básicas para o seu próprio convívio, como por exemplo, os macro-poderes legislativo, executivo e judiciário – o equilíbrio entre esses macro-poderes é o reflexo do espírito das leis conquistado pela sociedade. Diante disso, podemos dizer que todo esse jogo que envolve a sociedade e a sua própria construção das regras de conduta são fatores que arquitetam a formação do estado – complexo administrativo onde todos os poderes passam com maior freqüência. Ou melhor, é a sociedade construindo o próprio Estado.
A partir desse singelo entendimento sobre o conceito contemporâneo de política, pode dizer-se que não é recomendável – e talvez um ato de covardia -, jogarmos políticos e partidos políticos adversários contra o povo, como por exemplo, os discursos que colocam os partidos XT, GR e ZZT como partidos defensores dos direitos do povo, partidos FB e VV que são rotulados como macabros da democracia, pois, defendem apenas o direito das classes dirigentes – por falta de veracidade nos colocam diante de conceitos verbais como, por exemplo, ‘’a superestrutura coage a infra-estrutura’’( classe A com suas riquezas materiais e simbólicas versus classe B, C, D e F como forças produtivas em desvantagem ),falácias como ‘’o poder é deslocado de cima para baixo..., por isso, meu povo... temos que dissolver tudo isso...’’, utilização de máximas como... ‘’é hora de transformação, ’’ ‘’é hora de mudança’’, ’’a força vem do povo’’ etc. chegam até mesmo a nos subestimar abordando comentários de possíveis propostas falsas da coligação M(claro que os partidos ao se coligarem sofreram dificuldades nos seus relacionamentos e propostas, pois, cada subgrupo é um micro-poder ), como se a coligação F, fosse cumprir com toda sua intenção sem passar por nenhum tipo de transtornos. Ou sendo mais claro, como se a outra coligação não fossem feita de homens culturalmente políticos – passivos de erros e acertos.
Em verdade, se entendermos o conceito de política verificamos o falseamento desses jogos pouco agradáveis, pois, tudo o que foi construído politicamente – em nível de ocidente - partiu da cultura e dos seus próprios respeitos pelas normas de condutas. Dessa maneira, podemos dizer que a própria sociedade foi a grande protagonista das práticas e relações de poderes. Ou seja, essas atitudes ideologizadora é um desrespeito a própria maneira de agir e pensar da sociedade.
Partindo dessa premissa temos que levar em consideração a análise sobre as relações de poder dentro da política, pois, caso o contrário nos distanciamos da proposta política representativa. Isto é, entender que o poder propriamente abordado dentro do espaço político partidário não existe – pois dessa forma na concepção aristotélica não éramos animais políticos -, mas, sim práticas de poderes que a própria sociedade legitima ou condena – daí a necessidade de sermos homens políticos. Michel Foucault ( 1979 ) nos passa a idéia de que o poder não é uma coisa enrijecida com uma única característica, porém, é uma prática social arquitetada historicamente, por isso, somos responsáveis por todos os atos que compõe a sociedade e a própria política.
Isto é, como aborda Max Weber( 2003 ) as relações políticas seriam um grande esforço que exige tempo, paixão e senso de proporções que leva o homem a ser um herói líder do seu próprio espaço onde a vocação política não pode ser abatida nem mesmo pelo um olhar individualizado, pois, essa visão juntando-se com outras visões formam uma sociedade politizada.
Dessa forma, as relações de poder dentro da política é o reflexo do nosso cotidiano, da nossa mentalidade, das mais diversas formas de manifestação cultural e a partir do momento que mudamos em nossas diversas relações estamos assumindo o mesmo papel que queremos dos nossos próprios representantes.
Enfatizando as idéias que abordam sobre o papel do próprio político – representação do povo -, pode-se dizer que no atual momento o compromisso do político representante é com a potencialização do Estado Democrático de Direito, pois, dessa forma, as suas decisões vão está ligada com a verdade e obviamente o seu poder representativo torna-se uma cápsula protetora da sociedade. Ou seja, nesse momento podemos dizer que o seu papel não é mais com as ideologias – pois essa se fragmentou em mil pedaços de mentiras -, não é somente vigiar o erro do adversário, não é combater apenas as ilusões da coligação A ou B, porém, é fazer dos seus passos sempre a busca pela própria verdade, pois, verdade e poder são processos íntimos que chamais poderão ser separados.
Em certo aspecto, é de se entender que o grande motivo da desilusão do povo para com seus representantes não são fatores ideológicos, aprovações de novas normas de conduta, coligações, mas sim, a falta de compromisso com o próprio poder, isto é, Tomas Hobbes(2002) nos aborda que o mais fundamental nesse contrato são os sinais de honra, pois, o homem imagina ter um poder e esse poder tem que ser respeitado pelos seus semelhantes, nesse caso, seu semelhante é o político representante.
Outro fator bastante emblemático sobre as relações político – partidário e o povo é o entendimento da necessidade das relações entre os partidos políticos, pois, diante do que foi abordado seria uma contradição dizer que a governabilidade pode ser fruto apenas de um partido ou um grupo político a parte – nos estados democráticos formados a partir da revolução francesa foi quebrado a concepção de gestão unitária (Estado liberal de Direito, Estado social de Direito e Estado Democrático de Direito ). Em outras palavras é fundamental saber que se não houver as relações partidárias corremos o risco da não-governabilidade – uma das suas hipóteses é justamente a falta de autonomia e legitimidade das instituições para que não haja crise de apoio político do povo às autoridades e aos governos. Hungtington apud Bobbio ( 1999 ) nos aborda que uma verdadeira democracia depende das mais variadas relações entre os governantes e as oposições.
Analisando os parágrafos discorridos, podemos nos atentar para o nosso entendimento e potencializar o cidadão que existe dentro de cada um de nós, pois, essas relações formam os pilares de um Estado Democrático de Direito, ou seja, entender o mínimo do conceito de política, suas relações de poder, o papel do político e a verdade, bem como, a necessidade das relações partidárias é está contribuindo para a formação de um estado mais forte e menos coercitivo – as sociedades vêm banindo a concepção do Estado policial.

Referências

ARISTÓTELES. Política. São Paulo:Martin Claret, 2002.
BOBBIO, Norberto. MATTEUCCI, Nicola. PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 12° ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.v.1
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 17° ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002.
HOBBES,Tomas. Leviatã ou Matéria,Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil. São Paulo: Martin Clatet, 2002.
WEBER,Max.Ciência e Política: Duas Vocações.São Paulo: Martin Claret,2003.

Raio de Rebeldia

Como a partir de toda leitura o olhar se subjetivisa tomo a liberdade de dizer para os assustados que qualquer raio de rebeldia nos coloca diante de uma nova projeção para o mundo moderno - projeção que quebra com valores, diminui os preconceitos, restaura uma nova tecnologia, aumenta a esperança do nascimento do futuro (esse precisa lutar para nascer), cria novos ordenamentos jurídicos - a sociedade moderna precisa do Estado, pois, sem o Estado não há liberdade (que me perdoe os anarquistas, pois, acredito piamente que as relações sociais fazem o Estado na medida das suas necessidades)-. Detona com a maneira macabra que os sistemas econômicos tentam enrijecer e tantos outros, ou melhor, para sintetizar essa visão pode dizer-se que realmente a única verdade é o inconformismo, pois, como afirmava Walter Benjamin - filósofo da escola crítica - “a vitória pode engendrar facilmente uma ideologia" - que para mim é maior câncer de todos os tempos - triunfalista que mata o espírito autocrítico e leva o pensamento a se instalar num carro blindado. “Já a derrota, o contrário, nos desafia a nos revitalizarmos e pode nos dar uma preciosa ocasião para renovarmos; com a derrota podemos aprender todas as fintas da ascensão e podemos nos banhar na vergonha como num sangue de um dragão”
“A rebeldia é uma derrota necessária”

sábado, 21 de agosto de 2010

História e Cinema

Discussão instalada nos primórdios do século XX agora já passa constantemente pela escrita da história como se fosse ( e talvez ainda o seja) uma das fontes históricas mais nobres do atual momento; um domínio do campo da história onde são levantadas temáticas subjetivas nas vertentes antropológicas, sociológicas e semióticas - ciência dos signos usados na comunicação -, assim como, assim como o estudo relacional do próprio tempo histórico.
A partir da análise projetada pelo historiador e cineasta Marc Ferro, pode-se dizer que o cinema realmente passa por dois aprofundamentos no campo analítico-crítico-dialético: análise da contra-história e os aspectos psico-socio-históricos.
Nos debates ocorridos nos últimos seminários, congressos e disciplinas essa fonte histórica tem sido vista como uma contra - história da nossa sociedade, a partir do momento que reprojeta os anseios e/ou angústias, traços culturais, ideologias e tantos mais, de um determinado tempo ''o que é importante registrar é que hoje se admite que a linguagem não ilustre nem reproduza a realidade, ela a constrói a partir de uma linguagem própria que é produzida num dado contexto histórico''( KORNIS,1992,p.238)ou como aponta o próprio Marc Ferro'' todo filme sem privilegiar nenhum gênero, deve ser analisado pelo historiador. As obras cinematográficas traz informações fidedignas a respeito do seu presente''( FERRO,1960,p.10).
Colocando em evidências os aspectos psico-socio-históricos, podemos começar nos arrepiando assistindo documentários fílmicos, como por exemplo, Vinícius de Morais - O Filme -, filmes que retratam nosso imaginário futurístico como Matrix, ou melhor, o cinema sendo usado como instrumento dos nossos próprios anseios que relaciona o passado, reprojeta o futuro e vencia o presente a partir de elementos intrinsecamente culturais.
Nesse espectro de análise, História e Cinema tornam-se um campo vasto para reflexões dos historiadores, críticos e públicos em geral, principalmente quando são levantados questionamentos no entendimento de se fazer uma contra-história e a nossa própria projeção nas zonas psico-sócio-históricas.

Erudição, um resgate necessário - parte II


Em maio de 2008 foi publicado no Jornal Agora Santa Inês - n° 320 o artigo com a temática em evidência onde tinha como principais eixos temáticos o exagero das ideologias defendidas dentro do nosso próprio território, assim como, a desqualificação da produção filosófico-científicas.
Ainda dentro dessa perspectiva, é relevante apontarmos para as posturas ideológicas do nosso território, como por exemplo, alguns exageros pseudos marxistas que afastam quaisquer possibilidades de ideias, valores, bens materiais que venha nos alimentar, ou melhor, é o que eles chamam de defesa anticolonialista. Vejam, será que   só a cultura gerada dentro do nosso espaço contribui para nossa sobrevivência? “Como afirma o Cientista Polítco e membro da Academia Brasileira de Letras Sérgio Paulo Rounet ‘‘será que a cultura autêntica não é alienada”? Isto é, se fizermos uma singela reflexão podemos dizer que José Saramago (poeta português) é tão relevante para a cultura brasileira como se tivesse nascido em Capanema - PA, o tecnobrega e o forró eletrônico são tão irrelevantes que podia ter sido gerado nos pilares da Universidade Sorbonne em Paris ou podíamos dizer que o Funk é irrelevante para São Luís - MA e as músicas produzidas por artistas da terra são tão mais instrutivas e deliciosas que poderíamos ouvi-las numa bela tarde de primavera- degustando uma boa pinga- às margens do Tamisa na Inglaterra. Partindo desse trocadilho podemos dizer que a ''cultura estrangeira é combatida por ser de fora e não por ser de massa. Inversamente a cultura brasileira é apoiada pelo mero fato de ser brasileira, por mais alienante que seja''( ROUNET, 1997,p.129).
Assim, é fundamental entendermos que nenhuma cultura sobreviveu sem abertura ou contato com outras culturas ( o antropólogo F. Barth nos chama atenção às fronteiras sociais,à sua criação e manutenção, a partir da constatação de que culturas e sociedades não configuram unidades fechadas,autocontidas,limitadas, também permitem lidar com o fluxo entre fronteiras, tanto fluxo de pessoal quanto de conhecimento). Isto é, o contato cultural não deve ser estanque apenas por motivos ideológicos no que se refere à postura colonizada versus colonizadores, porém, analisados a partir do entendimento entre o que é cultura mercadológica e o que é cultura erudita - deixando claro que a manifestação da chamada cultura popular é uma visão que a cultura erudita tem sobre ela, buscando elementos próprios da mesma e potencializando-a para uma tensão intelectualizada (o bumba-boi passa a ser apenas uma dimensão da cultura erudita).
No que refere - se ao eixo desqualificação da produção filosófico-científicas é bom saber que o irracionalismo pregado pelos defensores da denominada pós - modernidade  desqualifica os neomodernos, a partir, das argüições banalizadas de que tudo é cultura. Temos como exemplo, os próprios programas televisivos que elevam a cultura da periferia como uma resposta bem dada às camadas mais elevadas - no mínimo isso é um grande falseamento, pois, enquanto isso as camadas mais letradas criam um maior leque de conhecimento para competir no mercado. Ou melhor, se pegarmos o capital simbólico dessas camadas em questão verificamos o distanciamento no que se refere ao conjunto de conhecimento ( HOUAISS,apud ROUANET,p.87) '' toda língua culta tem hoje em torno de 400 mil palavras, enquanto nenhuma língua natural vai além de três a quatro mil palavras'' ( ter acesso a essas informações é uma condição necessária para que qualquer ser humano possa exercer o processo de cidadania ).
Sendo mais claro, podemos dá um belo SIM! a conquista da cultura periférica,desde que ela absorva, também, conhecimentos dentro do campo filosófico, literário,artístico e científico, pois, dessa forma, ela não vai ser ludibriada pelas amarras ou truques da ideologia de massa.
Dessa forma, fazer defesa aos aspectos eruditos é se posicionar contra a análise falseada em relativizar exageradamente o conceito de cultura, bem como, combater ideologias que fazem críticas a postura anticolonialista e antielitista.