domingo, 1 de fevereiro de 2015

Para sermos plenamente modernos, temos muitas vezes de correr o risco de sermos arcaicos: um breve levantamento entre o Racionalismo e o Irracionalismo – Mergulhando na Geleia II

Para sermos plenamente modernos, temos muitas vezes de correr o risco de sermos arcaicos: um breve levantamento entre o Racionalismo e o Irracionalismo – Mergulhando na Geleia II

Se existe um consciente coletivo que vem dilacerando as forças dos idealistas é o espectro dos valores criados pelos irracionalistas, ou sendo mais claro, são valores criados como falseamento da modernidade com a intenção de deixar o homem contemporâneo sob crenças mentirosas que o levam ao desajuste social e ao mesmo tempo fazem com que tudo se pareça bem e que precisamos apenas observar o homem no seu próprio tempo sem conceitos interligado entre o passado e o presente, isto é, o ‘’hoje’’ passa a ser a única e indivisível verdade. É a chamada consciência descabida entre as inteligências.


Projetando essa análise para uma dimensão que busca visualizar os contraditórios da contemporaneidade, diríamos que é fomentador observarmos pontos que ajudam no entendimento da arqueologia dessa falsa análise, como por exemplo, os conceitos de modernidade e antimodernidade; bem como, os polos dessas duas linhas no entendimento das nossas relações sociais através do consumismo; os argumentos dos visionários desses vieses no que se refere a própria falta de equilíbrio no que concerne a nossa vida, isto é, o que comumente chamamos de banalização da vida; no declínio da família; e, por fim, o debate sobre a justificativa do comprometimento ideológico partidário.


Ou melhor, os alicerces arguido vãos nos direcionar para as ideia dos falsos motivos que levam a crer que a lógica moral está perdendo terreno para os efeitos imediatista do atual momento, seria o que poderíamos chamar de tentativa de assassinato do homem racional – essa concepção considera a reflexão sistematizada como o principal agente de repressão, e não como órgão de liberdade, isto é, é uma ideia que age de forma irresponsável ao ficar passiva diante das desgraças do nosso próprio tempo.

Aludindo considerações sobre a modernidade, podemos dizer que a mesma se caracteriza por preservar as origens do iluminismo – em toda sua totalidade -, pois, a partir desse momento foi desencadeado um furacão de mudanças que abarcou diversos setores da vida em sociedade, sendo que nessas transformações a modernidade foi adquirindo diversas faces, porém, com uma só intenção, a busca pelo o equilíbrio no tecido social.

Diferentemente da modernidade temos que nos atentar para os movimentos antimodernos – podemos chamar de anti-razão -, isto é, que qualificam a modernidade como projeto ultrapassado.

Isto é, se fizermos uma análise desses dois vieses, podemos dizer que é pura ingenuidade exaltar às chamadas relações líquidas ou antimodernas – que partem do princípio que tudo é cultura, que tudo é relativo etc. pois, o escopo da modernidade sempre foi o seu grito de liberdade e que essa liberdade não se fez com arquitetura superficial, mas, com um conjunto de estudo que foi se projetando sistematicamente em busca do equilíbrio.
Toda produção moderna teve como resultado mudanças rápidas no campo social, como por exemplo, a Revolução Francesa, no campo econômico como a Revolução Industrial, no campo filosófico-político como a Revolução Bolchevique.

Dessa forma, cabe a todos nós demonstrar a viabilidade das mudanças, relatando e combatendo as atitudes que não levam o homem a um pensamento mais crítico.

Diante disso, é de suma relevância entender que os teóricos que buscam explicações fragmentadas geralmente pertencem aos movimentos antimodernos, pois, se encontram presos ao chamado cárcere de ferro – seria a mais pura impossibilidade de uma liberdade com conhecimento sistematizado, impossibilidade de valores morais regido pelo Direito, impossibilidade pela busca do desenvolvimento de forma organizada etc., ou melhor, o que eles têm a dizer é uma interminável serie de variações que tendem a nos rosquear com ideias que prendem nossos gritos de liberdade.
Outro fator bastante emblemático da contra-razão ou concepção antimoderna é o forçoso sentimento que ela nos coloca sobre o fator consumo exagerado, ou melhor, o consumismo passa a ser visto como a principal válvula de escape das nossas relações sociais, pois, é um fator que simbolicamente nos leva querer burlar um determinado status quo. Em verdade, esse fator irracional, vem sendo transportado através da cultura de massa, pois, é de se considerar que uma das armas dessa ideia é potencializar o mau gosto dos indivíduos de forma linear. Segundo Richard Sennet na obra A Corrosão do Caráter estamos transferindo o modelo compra-satisfação-novidade para nossas relações pessoais.

Partindo desse entendimento, os irracionalistas ainda persistem com o mesmo discurso de que o consumismo por ser um dos pilares da globalização já é um fato social e não temos como fazer diferente, pois, é uma dependência inevitável. Nesse sentido, podemos dizer que há sim milhares de características culturais que não se deixam penetrar, e que ao mesmo tempo reforçam as atitudes modernizadoras, temos como exemplo, a musica popular brasileira que continua produzindo arte, os aspectos antropológicos das comunidades tradicionais, o cotidiano de cada grupo, os costumes etc., ou seja, são barreiras étnicas que não se excluem – seria uma espécie de resistência local - que persistem em existir como tal para proteger suas tradições . Como aborda o refrão de Caetano Veloso ‘’ alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial’’, ou seja, aquilo que está fora da ordem já é uma forma de resistência.
Diante do que foi comentado, podemos dizer que o consumismo é uma praga antimoderna, irracionalista, porém, temos todas as possibilidades de reforçar nossas fronteiras culturais para potencializar o pensamento moderno – valorizar nossos passos combatendo dialeticamente as fintas do capital internacional ou as fintas da modernidade líquida, ou melhor, da antimodernidade.

Outro irracionalismo que tenta se alastrar nesse atual momento é a banalização da própria vida em sociedade, ou melhor, é a falta de reflexão no que concerne aos cuidados da preservação dos nossos projetos – o homem só é homem pela forma como ele transforma natureza e essa transformação tem que está em consonância com a solidariedade -, ou seja, vemos nesse aspecto que essa falta de projeção nos deixa próximos do caos e ao mesmo tempo em que esse caos não é solucionado pela força da própria sociedade a tendência é sua própria sucumbência. ela mesma tem uma tendência a provocar sua própria desintegração.
Partindo dessa premissa, poderíamos dizer que uma das soluções é combater a solidariedade, pois, no atual momento sem solidariedade vamos ter que conviver com o caos – coisa que a humanidade nunca suportou. Ou melhor, é buscar forças no campo filosófico-teleológico ( reflexão e finalidade).

Outra base da denominada modernidade líquida é a desqualificação do papel da família, isto é, partem da concepção de que as relações sociais e o ser humano são filhos da subjetividade, por isso, temos que viver suas vidas em toda sua plenitude, mesmo que essa vivência afaste valores fundamentais produzidos pela família. Nesse aspecto, podemos dizer que é a maior contradição arguida por essa corrente, pois, segundo Leonardo Boff todas essas concepções pertencem a uma cultura dominante que separou corpo, mente e espírito.

Na verdade, a dissolução da família o vem apenas ampliar as teias da incoerência da organização social -. Ou sendo mais claro, quando os anti-racionais pregam a dissolução da família estão tirando as possibilidades da revolução da própria educação escolar, pois, a educação na sua totalidade tem com base a tríade professor, aluno e família.
Outra forma de sermos plenamente modernos é vivenciarmos o nosso papel político ou partidário político, pois, nesse momento da modernidade o homem tem mais do que nunca fazer das ideias de Aristóteles – zoom politikon – as suas próprias convicções.

De repente, podemos observar que tudo que foi exposto foi simplesmente uma tentativa de enterrar o que parecia novo – que no fundo revelou sua velhice -, pois, não podemos voltar às atitudes não projetadas.

De fato os sub-temas colocados como pilares da antimodernidade fazem parte de uma síntese do que realmente avassalam as projeções para uma sociedade mais digna, pois, distribuem valores falsos com o intuito de não humanizar as classes mais pobres.
Assim, pode dizer-se que o moderno para ser moderno precisa urgentemente abraçar seus valores nas concepções do que é denominado arcaico sustentado em premissas fundamentais para a recuperação da humanização, como por exemplo, os fatores que se encontro nos eixos de debates sobre modernidade, antimodernidade e as mesmas entrelaçadas com temáticas como consumismo, a família, banalização da vida e o próprio papel político do homem contemporâneo.

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